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Teresina, Piauí, Brazil
Ah! Meu coração é mole/ Feito língua de moça./ Prefiro a calma a usar a força,/ Que carne de gado criado em morro é muito é ruim:/ Dura danada.// No bombardeio ergo sempre a bandeira branca,/ Cor que cedo não quero em minha trança,/ Mesmo que digam que é experiência.// Antes mesmo de tantos lamas e Ghandi,/ Foi que se inventou a calma dos monges./ Apesar dos últimos incidentes no Tibete. - Tapuia. Mestre em Letras/Linguística pela UFPI. Professor. Arre(medo) de poeta. Artista (de)plástico nas horas vá(ri/g)as. Aquele que nasceu no rio.

sábado, 1 de maio de 2010

DESCULPAS PRA FAZER POEMA

A um poeta não falta desculpa para fazer poema!
Vejam então se não é no mínimo engraçado:
Mal lhe cai na mão de ideia um mau punhado
E lá vai ele marcar, nervoso, o papel com a pena.

Sim, pode ser sim o riso de uma morena!...
Mas também pode ser um doido na praça.
Que poeta é feito um bobalhão em cena,
Que em tudo na vida quer meter uma graça.

Vê, onde tem uma coisa, no mínimo duas...
E olhe lá! Que vê coisa também onde não tem.
Louco? Deus sabe! Más maneiras são as suas!

Mais produz se uma moça lhe faz um bem...
Mas também se tem no peito um “vos vi mal”.
Poeta, olhai bem, ou inda irá ao hospicial.

Codó, 30 de abril de 2010.

BOCA DA NOITE NA BEIRA D'ÁGUA


Voa e volta a gaivota.
Hoje vai... Amanhã volta...

Vai, ave, vai voando!

Seu voo vai desenhando e apagando
Um vê
(Que a gente vê e desvê!)
No céu.

Codó, 1º de maio de 2010.

QUEM FOI QUE TE PINTOU


Quem é que não sabe das borboletas
E que todas vem do ovo branquinhas?
Depois do Céu é que saem umas pretas,
Amarelas, cheias de tintas, de linhas...

Suas cores? Tudo pintura dos anjos.
É! Daqueles bichinhos tão capetas!
Daí que vemos umas delas violetas
E outras já com tantos novos arranjos.

Da fábrica-Céu nenhuma vem crua.
E é só por isso mesmo que na rua
Já as encontramos por demais faceiras.

Que me dizes? Que disso sabia nada?
Se até a lagarta que vem aí pintada
É obra da dita Velha Cachimbeira!

Codó, 1º de maio de 2010.

OLHOS DE MARINA E VAIDADE


Moça, seus olhos continuam verdes a gosto,
Posto alga submarina que ao mar empresta cor.
As bochechas, ainda maçãs rosadas no rosto...
Seus lábios conservam ainda o mesmo rubor...

Não lhe diz por aí o olhar de tantos
Quantos lhe veem que é demais bela?!
Que tem uma beleza sem mantos,
Que aos olhos claramente se revela?!

Mas, curiosa, vai e mais vai ao espelho ver-se
Com tanta frequência como a querer contestar
As evidentes belezas de um rosto desse!

Para que cuidados desnecessários tantos?
Deixa que lhe digo todos os seus encantos!
Porquanto, moça, não precisa se preocupar.

Codó, 30 de abril de 2010.

A UMA MOÇA MESTIÇA

Às vezes tua imagem vem até mim.
E eu te vejo passear, fugaz, vagamente.
Consubstancia-te e então somes. Assim
Como quando estiveste em minha frente.

Uma só vez olho a olho! E guardo-te! Onde?
Os olhos com um risco não sei de quê...
Talvez indígena. E a boca o que esconde?
O ri (vi belo!) de uma mulata de Debret?...

É assim, com certo esforço, que te vejo.
Mal consigo te edificar em minha mente.
Mas te conservo plenamente em meu desejo.

E se, naquele plano, pra te recriar faço forças
Sei que se te vejo entre outras mil moças
Sem engano, te identificarei certamente.

Codó, 29 de abril de 2010.